quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A VOLTA DOS TRENS VERA CRUZ E SANTA CRUZ


     Genésio Pereira dos Santos  
                                                                                                                                        gimam@ig.com.br

Há algumas décadas, a saudosa Estrada de Ferro Central do Brasil, extinta RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A., colocava nos trilhos, diariamente, nos trechos Rio-São Paulo e Rio-Belo Horizonte os luxuosos trens noturnos entre essas capitais, nos quais viajavam grandes empresários, artistas famosos e pessoas da sociedade em geral.

O tempo de viagem era em torno de 9 horas em média, mas não cansava e proporcionava momentos de romantismo e contemplação da natureza e das paisagens ao amanhecer.

Tudo acabou sem uma razão plausível, no tempo e no espaço, sem que as autoridades do governo dessem uma justificativa convincente.

Podem-se até alegar os aspectos financeiros, mas de pouca substância no que concerne o lado sócio-econômico, todavia no contexto do modal ferroviário não se consegue aceitar essa, diríamos, violência abominável, contra, em última análise, o povo brasileiro, como sempre, posto em segundo plano.

No governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi criado o PAC-Programa de Aceleração do Crescimento e, no seu bojo, o sonho do TAV-Trem de Alta Velocidade entre Rio-São Paulo-Campinas. Nos 8 anos de gestão, constatou-se apenas o refrão de uma canção: “Sonho meu, sonho meu, vai buscar quem mora longe, sonho meu”... Nada vezes nada aconteceu, pois tudo ou quase tudo foi mal concebido e de conhecimento público, frise-se!

Dentre os inúmeros compromissos transferidos para a sua candidata Dilma Rousseff está, até hoje, pôr em circulação o tal TAV.

Sonho dela, sonho dela. Posso afirmar sem medo de errar que, nesta década, não teremos o TAV, nem que a vaca tussa, pelos múltiplos motivos que já alinhamos em outros artigos divulgados na mídia.

Parece-nos mais consentâneo que o governo da presidente Dilma deveria ocupar-se na volta dos trens que marcaram época no transporte ferroviário: Vera Cruz e Santa Cruz, entre as capitais citadas.

Mesmo com velocidade aquém do que seria a do TAV, entendo que deveria buscar-se o viável e, mais do que isso, conveniente, a circulação desses trens a 80, 90, 100 km/h, é possível.

Há um ditado popular muito usado: “Do saco a embira”, isto é, não pode ter-se o TAV a 250 km/h, deve-se conformar com os trens antigos naquelas velocidades médias e estamos  conversados.

O brasileiro merece ter muitos trens de passageiros e de turismo circulando de norte a sul, de leste a oeste, em “nível de FIFA”, que está impondo exagerados gastos e investimentos ao nosso País, para atender aos caprichos dos dirigentes da entidade internacional, sem se saber sobre os reais benefícios de retorno pós-Copa do Mundo, a curto e médio prazos.

Ainda existem os carros de aço estacionados em determinados pátios de Oficinas Industriais da ex-RFFSA, recuperáveis sem muitos gastos na sua recuperação, inclusive locomotivas.

O governo Dilma, se reeleita e/ou o seu sucessor, deveria compromissar-se a promover, sem demora e com os pés no chão, o retorno do Vera Cruz e Santa Cruz, para atender à demanda de passageiros saudosistas, ferroviários e ferroviaristas e por ser uma imposição dentro do Ministério dos Transportes, “oculto pela figura elipse”, mais pela falta de visão de alguns míopes passantes que tiveram assento naquela cadeira, mas que só registraram o “ocium” gerencial, sem visão de futuro para o transporte ferroviário.

A solução está no incentivo e investimento no modal ferroviário. Resta saber quando as autoridades vão sentir o “estalo do Padre Vieira”, para criar o PVTVCSC – Projeto de volta dos trens de saudosa recordação, o Vera Cruz e o Santa Cruz, para ontem.

Será que alguns candidatos a presidência, governanças estaduais se lembram de que o Brasil é um País-continente?





Genésio Pereira dos Santos
Advogado/Jornalista/Escritor
 Co-coordenador do MPF – Movimento de Preservação Ferroviária

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