segunda-feira, 25 de julho de 2016

" Análises Políticas !"




Fazem acho três semanas que voltei a escrever análises políticas. Em

poucos dias, a situação política se adensou e alguns fatos merecem uma
reflexão mais apurada.



1 - A Datafolha publicou faz há alguns dias, uma nova pesquisa sobre a
situação do país. E nela, 53% da população prefere Michel Temer na
presidência, contra 32% que gostariam de ter Dilma de volta. Para um
governo interino, que  tem menos de dois meses no comando do país, e
que foi obrigado a trabalhar sobre escombros, econômicos e politicos,
esse índice é muito positivo.



 2 - Ainda é muito cedo para avaliar o governo do ponto de vista da
economia, pois nenhuma de suas medidas anunciadas vai fazer efeito a
curto prazo. Mas essa mesma pesquisa mostra um salto no "Índice de
Confiança" da situação econômica do pais. E pela primeira vez, desde
abril de 2015, o número de entrevistados que acreditam que a situação
do país vai melhorar, superou aqueles que acham o contrário.



3 - Um dos elementos por onde se pode medir o crescimento dessa
confiança é a Bolsa de Valores. Negociando ações, a Bolsa antecipa
tendências, positivas ou negativas, na oscilação dos seus índices. Na
realidade, investidores ou especuladores, sempre apostam no futuro,
positivo ou negativo e tiram os seus ganhos de sua capacidade de
acertos.
Por esse prisma, nos últimos dias, foi possivel observar uma sucessão
de pregões consecutivos de alta. Essa tendencia otimista é
consequencia da percepção de que o processo recessivo está perdendo
força, a inflação começou a ceder e a perspectiva de crescimento,
embora  muito pequena ainda, já é uma realidade. Então, aqueles que se
antecipam, ganham mais, ou ganham na frente dos outros.
O mercado vive uma inversão das expectativas pessimistas. Neste
momento há um fluxo grande de capitais do exterior vindo para o
Brasil, por causa da menor chance de alta de juros  na economia
americana.  Além disso, por causa da recessão prolongada em nossa
economia, muitos dos  nossos ativos ficaram  extremamente baratos,
quando cotados em dólar.
Na Bolsa brasileira, que na realidade é a BOVESPA, o índice do setor
elétrico  já acumula uma alta significativa, chegando a mais de 60%
desde janeiro. Isto é consequência  primeiro das chuvas, que
recuperaram  em parte os reservatórios de água e diminuiranm os
custos, na medida em que liberaram a energia muito mais cara das
termelétricas. A mudança de governo, com a saída de Dilma e a entrada
de Temer, também foi fundamental, pois deu mais segurança aos
investidores de que o estado não vai continuar interferindo nos preços
da energia aleatóriamente como Dilma  fez, nas vésperas da eleição. Ao
mesmo tempo, a confiança na recuperação da economia e na elevação do
PIB, trarão como consequência uma elevação do consumo, elevando
portanto os ganhos do setor elétrico.
Assim como o setor elétrico, também o siderúrgico teve ganhos
interessantes. Mas, o mais importante talvez, seja a recuperação das
ações da Petrobrás, que chegaram a ser cotadas  em janeiro a R$ 4,20 e
agora alcançaram R$ 11,00, mostrando que a nova direção da empresa foi
 bem recebida pelo mercado e que as mudanças no modelo de exploração
do pré-sal, em tramitação no Senado, serão benéficas para a Petrobrás,
que precisa diminuir o seu endividamento.



4 - É importante  frisar que, tudo isso acontece, por que ninguem mais
espera a volta da presidente Dilma Russef à presidência da república.
Pelo contrário. Acho até que, nem ela mesma acredita mais nisso, tanto
que, já estaria providenciando a sua mudança definitiva para Porto
Alegre.
A pesquisa Datafolha comprova essa tendência positiva pró-Michel
Temer. que começou por montar uma equipe econômica competente, contra
a qual, nem mesmo a presidente afastada, conseguiu  dizer nada até
agora.
Na pesquisa, o índice dos que consideram a gestão Temer, ótima ou boa,
chega a 14%, bem melhor que os 10% conferidos a Dilma. E olha que
Temer ainda não tem dois meses de gestão, contra um mandato e meio de
Dilma Russef.
Ao mesmo tempo, a reprovação a Temer é muito inferior aos índices de
reprovação de Dilma.
O governo Temer  foi avaliado como ruim por 31% dos entrevistados,
contra os 65% que reprovaram Dilma.
A pesquisa mostrou ainda que  hoje, os brasileiros estão mais
confiantes no futuro, na queda da inflação, em um risco menor de
ficarem  sem emprego e na consequente elevação de seu poder de compra.



5 - Evidentemente que  essa tendência otimista depende muito da Agenda
política e da capacidade do governo Temer de conduzir esse processo,
principalmente no Congresso.
Se o governo Temer for confirmado em agosto próximo, como tudo indica
que o será, a Agenda a ser defendida no Congresso exigirá de sua nova
liderança um trabalho intenso e habilidoso, pois serão medidas amargas
em pleno ano eleitoral.
A retomada da economia depende em grande medida e principalmente, da
superação dos problemas fiscais.  Pelo que diz a Secretária do
Tesouro, Ana Paula Vescovi, o déficit primário será zerado somente em
2019. E isso, se todos os projetos de limitação e mudança de gastos,
forem aprovados.
Vamos esperar então que Temer e Rodrigo Maia consigam uma parceria harmoniosa.
No meio do caminho  estão as Olimpíadas. Com a situação atual de
insegurança internacional, o mundo virá para as Olimpíadas com os
nervos à flor da pele. E nosso  Ministro da Justiça, ingênuamente, ao
fazer estardalhaço com a prisão de  dez supostos futuros terroristas,
colocou o Brasil no mapa do terrorismo internacional. Em seguida, o
nosso Ministro da Defesa ainda reforça, dizendo que as prisões são
para assustar e desestimular futuros atos  terroristas. Muito ruim,
como propaganda negativa.



6 - A Olimpiada pode dar certo ou dar errado. Pelo que sei, Montreal
ficou com uma dívida que levou 30 anos para pagar. Atenas ficou
marcada por desvios de recursos e fraudes nas obras.
No Rio, as obras continuam cheias de problemas. A delegação
australiana que acaba de chegar rechassou as instalação onde iria
ficar. A Chefe da missão australiana, Kitty Chiller, com a experiência
de  cinco  Olimpíadas, declarou que nunca viu uma Vila Olimpica
naquele estado. Os consertos serão feitos às pressas, enquanto os
atletas australianos serão acomodados em hoteis até quinta ou
sexta-feira da semana que vem.
Em agosto, antes da votação do impeachment, Michel Temer terá um teste
muito importante  com as Olimpíadas. Não apenas em relação ao seu
êxito, mas também, um teste de popularidade. A credibilidade e a
capacidade de seu governo  vão se misturar com as Olimpíadas.
Por isso o governo federal tem que intervir aqui para garantir que as
Olimpíads sejam um sucesso.. Muito dificil confiar nos governos
locais.



Grande abraço,


Carlos Montarroyos

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