domingo, 14 de agosto de 2016

"Vai começar a Campanha Eleitoral !"



              Vai começar a campanha eleitoral. Por isso me apressei em concluir a análise que havia começado a fazer sobre o processo político durante o impeachment da presidente Dilma e que, por força do acúmulo de trabalho, tive que dividir em três partes, depois de  ficar  durante algum tempo sem escrever. Por isso o título "Voltando aos Textos”. Essa terceira e última parte completam o meu raciocínio. E quando voltar a escrever já será sobre uma outra situação política, pós-impeachment.

Terça-feira passada, dia 09-08-2016, a sessão de votação do relatório da Comissão Especial do Impeachment, aceitou a denúncia contra a presidente afastada Dilma Rousseff.

Em votação presidida pelo presidente do STF, Ministro Ricardo Lewandowski, dos 81 senadores presentes, 59 votaram de acordo com a acusação. Apenas 21 votaram, em defesa da presidente Dilma, perfazendo
80 votos, já que o senador Renan Calheiros, na condição de presidente do Senado se absteve. Quando da votação do julgamento, que se inicia dia 25 deste mês, não será muito diferente. Quem esperou até agora para se definir já definiu-se. Não vai haver surpresas de última hora.

Essa votação do dia 09 passado muda o status político e jurídico da presidente, pois ela, a partir  desse resultado, deixa de ser investigada para  ser ré deste processo.

O presidente interino Michel Temer, uma vez confirmado no cargo como deve acontecer com o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, terá em suas mãos a responsabilidade de recuperar o país. Uma reedição, em outras condições, do que fez Itamar Franco quando do impeachment de Fernando Collor. Ou seja, tentar um governo de união nacional, que apoiado na recuperação econômica, avance na construção de um futuro político de acordo com os anseios da população.

A mudança do quadro político, com a possível saída de Dilma, mostra uma insipiente mudança da situação da economia, alterando o quadro pessimista que imperava.
Os primeiros sinais de um inicio de recuperação já começam a aparecer. Talvez mais cedo do que se esperava. Os números ainda misturam um mandato e meio de Dilma Rousseff,  com os dois primeiros meses de Michel Temer. E é preciso então saber separar o que é Dilma e o que é Temer nesta comparação.
A indústria, por exemplo, deve terminar o ano 6% menor que em 2015, que já havia sido um ano muito ruim. Mas, ao mesmo tempo, os três últimos meses foram de alta seguida da produção industrial.  Também o saldo comercial, visualizado nestes últimos meses é recorde, embora a corrente de comércio, que soma importação e exportação seja bem menor, se comparada com os anos anteriores.
Desde a saída da presidente Dilma em maio, houve melhoras em diversos indicadores de confiança e até mesmo de atividade, embora os números ainda sejam contraditórios.
O IBGE informou esta semana que a produção industrial está 18% abaixo do pico que foi registrado em junho de 2013 e 9% abaixo do ano passado, embora tenha crescido  pelo quarto mês seguido.
A produção de bens de capital está em alta, embora tivesse acumulado antes uma queda de 26%.
Segundo o economista Rafael Bacciotti da "Tendências Consultoria", a indústria brasileira ainda vai precisar de uns três ou quatro anos para voltar aos níveis anteriores, antes que o governo Dilma a desarticulasse. Mesmo assim, embora todas as projeções indiquem que 2016 fechará com uma retração de 6% na indústria, os sinais de recuperação se farão mais claros já em 2017, com um crescimento de 2,8% na atividade industrial. E o crescimento industrial vai certamente influenciar as outras atividades.
Toda essa volta da confiança empresarial se expressa  no crescimento da Bolsa de Valores, que mostra viés de alta na economia.
Também o Fundo Monetário Internacional melhorou pela primeira vez, suas projeções para o produto interno bruto (PIB) do país este ano.
A expectativa do Fundo agora é que o Brasil encolha 3,3% em 2016, em vez de encolher 3,9%. que era a sua última previsão. E mais. O FMI prevê que em 2017 o Brasil voltará a crescer, com um avanço do PIB entre 0,5% e 0,7%. É muito cedo para comemorar a volta do crescimento. Parte dessa alta aconteceu pela substituição das importações, que se tornaram muito mais caras com a desvalorização  da moeda e a alta do dólar.
Com a mudança da situação, o Real valorizou-se e houve recomposição dos estoques por causa da retração no comércio.
Por enquanto nada indica que o consumo  voltará com força, invertendo a tendência do mercado, sobretudo por causa do desemprego que ainda é muito elevado e tira o poder de compra da população.
A perda de empregos formais, segundo dados do CAGED, que é o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados foi de 1,56 milhão no ano passado, com o acréscimo de 535 mil  nos primeiros meses deste ano de 2016. E a recuperação desses empregos dificilmente ocorrerá a curto
prazo, mesmo com o crescimento da economia. Sobretudo porque até 2020, segundo a empresa "GO Associados", aproximadamente 8 milhões de jovens  estarão entrando no mercado de trabalho e competindo com a força de trabalho desempregada.

O ministro Henrique Meirelles afirmou faz pouco que esta é a pior recessão que o Brasil já enfrentou, desde que o PIB começou a ser calculado em 1901. Não se sai de uma situação como essa com facilidade.
E essa saída não é apenas  econômica. É, sobretudo política também.

Se Michel Temer for capaz de contornar, ordenar e superar os problemas políticos que certamente terá que enfrentar  logo após ser confirmado como  presidente efetivo; tendo que  atuar sobre a situação política nova que se configurar após as eleições municipais; e se, aproveitando os possíveis avanços da economia, ele for capaz de aplicar os remédios amargos que terá que usar inevitavelmente, sem perder o controle do Congresso e ainda assim manter uma popularidade no mínimo razoável vai com certeza passar à história como o presidente que, saindo da coadjuvância de vice, assumiu o papel principal e recolocou o pais nos trilhos.
Um grande abraço e um bom dia dos pais, no convívio de  sua família.

Carlos Montarroyos

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