Coligação do prefeito eleito João Dória, de São Paulo, conquistou 25 das 55 cadeiras, se tornando a maior bancada da Câmara de Vereadores: 45% do total (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Com o fim das eleições municipais, um dos primeiros desafios dos prefeitos eleitos é tentar conquistar apoio da Câmara Municipal. Alguns já encontraram cenário mais favorável, com apoio da maioria dos vereadores. Outros terão que se esforçar para conseguir a chamada governabilidade e fazer com que suas propostas obtenham a maioria de votos dos vereadores.
Levantamento feito Agência Brasil mostra como será a relação entre os prefeitos eleitos e os vereadores em nove capitais:
Rio de Janeiro
Eleito para prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) terá na Câmara Municipal apoio de apenas quatro vereadores que fizeram parte da coligação que formou sua chapa entre os 51 que compõem o plenário. Por outro lado, as duas maiores bancadas eleitas são do PMDB, que tentou eleger Pedro Paulo sucessor de Eduardo Paes, e o PSOL, que chegou ao segundo turno com Marcelo Freixo. Passada a disputa, os dois partidos têm posições diferentes quanto ao futuro prefeito.
São Paulo
A coligação do prefeito eleito, João Dória, que reúne sete partidos, conquistou 25 das 55 cadeiras, se tornando a maior bancada da Casa – 45% do total. O PSDB, partido de Dória, será o maior da Câmara Municipal, com 11 vereadores. Terão quatro representantes cada um o PSD, o PR, o PRB e o DEM.
São Luís
Reeleito para o segundo mandato como prefeito de São Luís, com 53,94% dos votos, Edvaldo Holanda (PDT) contará com um expressivo apoio na Câmara Municipal. A sua coligação, "Pra Seguir em Frente" (PDT, PTB, PRB, PSC, PR, DEM, PROS, PCdoB, PTC, PSL, PEN e PT), conseguiu eleger 19 dos 31 vereadores.
O apoio do governo do estado pode ser um fator a mais para impulsionar o segundo mandato de Holanda. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), declarou publicamente apoio a Edvaldo Holanda na última semana de campanha do segundo turno. O partido de Dino conta com o vice-prefeito, Júlio Pinheiro. Isto poderá facilitar parcerias entre o governo estadual e o município na área de segurança pública, uma vez que a eleição municipal foi marcada por diversos ataques a ônibus e escolas da capital.
Maceió
Situação similar tem o prefeito reeleito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB). A coligação de Palmeira, chamada de "Pra Frente Maceió" (PSDB, PP, PR, PPS, PDT, DEM e Pros), conquistou 12 das 21 vagas da Câmara de Vereadores.
Já a parceria entre governo e município não é garantida, uma vez que o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), apoiou o candidato derrotado nas urnas, o deputado federal Cícero Almeida (PMDB).
Recife
Com a reeleição do prefeito Geraldo Júlio (PSB) no Recife, a relação com o Legislativo Municipal deve se manter harmoniosa: sua coligação, Frente Popular do Recife, composta por 20 partidos, fez 30 dos 39 vereadores eleitos. A maior bancada é do próprio partido do gestor: o PSB saiu de seis para oito cadeiras na Câmara Muncipal. A conjuntura não é uma novidade na capital pernambucana. Atualmente, 32 vereadores compõem a bancada do governo.
Fortaleza
A nova composição da Câmara Municipal de Fortaleza e o bom relacionamento com o governo do Ceará montam um cenário favorável para a segunda gestão do médico e atual prefeito da capital Roberto Cláudio (PDT). No dia 30 de outubro, a legenda elegeu 18 vereadores. Somando os outros 15 partidos que integram a sua coligação, são 31 dos 43 parlamentares da casa.
Belém
O tucano Zenaldo Coutinho, reeleito prefeito de Belém (PA), terá mais dificuldades para conseguir governar, uma vez que os partidos aliados - PSL, PSC, PSB, PMN, PEN, PR, PTC, PTN, PTdoB, DEM, PRP, PSDC, PTB, SD e PSDB – elegeu 16 vereadores, menos da metade das 35 vagas para vereadores.
Apesar da vitória, Zenaldo corre o risco de não assumir o segundo mandato, uma vez que enfrenta um processo de casação da candidatura. No último dia 19, Zenaldo foi multado e punido com a cassação do registro de sua candidatura pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará. Ele foi acusado pela coligação liderada pelo candidato Edmilson Rodrigues (PSOL) de usar a estrutura pública para fazer propaganda de si mesmo fora do período permitido por lei, após uma série de publicações feitas no perfil do Facebook da prefeitura. O tucano recorreu e aguarda uma decisão do TRE, que deve julgar o caso até o dia 16 de dezembro.
Caso a cassação seja confirmada, Edmilson Rodrigues será o novo prefeito da capital paraense.
Aracaju e Goiânia
Em duas capitais, Aracaju e Goiânia, os prefeitos eleitos já exerceram a chefia do Executivo municipal e, agora, retornam ao cargo, com o desafio de costurar o apoio popular e dos vereadores no primeiro ano do mandato. Na contramão das demais capitais nordestinas, a população de Aracaju não votou pela permanência do atual prefeito por mais quatro anos. A capital de Sergipe elegeu Edvaldo Nogueira (PCdoB) que venceu a disputa contra o deputado federal Valadares Filho (PSB). O atual prefeito de Aracaju, João Alves (DEM), ficou em terceiro nas eleições municipais e não disputou o segundo turno.
Nogueira, cuja coligação “Pra Aracaju Ter Qualidade de Vida” (PCdoB, PT, PSD, PRP, PMDB, PTdoB, PTN e PRB) conseguiu eleger oito vereadores, terá de angariar apoios para poder governar.
A seu favor, o prefeito eleito conta com o fato de já ter governado Aracaju por duas vezes anteriores. Ele terá como vice a ex-primeira-dama Eliane Aquino (PT), viúva do então governador Marcelo Déda, morto em dezembro de 2013. Em sua eleição, Nogueira também contou com o apoio do governador Jackson Barreto (PMDB).
O mesmo desafio terá Íris Rezende (PMDB), eleito prefeito de Goiânia ao derrotar o candidato Vanderlan Cardoso (PSB), com 57,7% dos votos, contra 42,3%. Rezende, com 82 anos, é o mais velho entre todos os prefeitos de capitais eleitos em 2016.
O peemedebista foi prefeito de Goiânia durante o início da ditadura militar (1966-1969), quando teve o mandato cassado, e depois por dois mandatos entre 2005 e 2010. É um dos políticos mais tradicionais de Goiás. Ele também já passou pelo Senado e foi governador do Estado, também por dois mandatos.
Contudo, desta vez, Rezende terá que se superar, pois a sua coligação “Experiência e Confiança” (PMDB, DEM, PDT, PRP, PTC e PRTB), conseguiu somente 10 das 35 cadeiras da Câmara Municipal. Além disso, a maioria dos vereadores eleitos, 16, é de partidos de oposição ao peemedebista ou que apoiam Vanderlan Cardoso (PSB), derrotado nas urnas.
Outros sete parlamentares eleitos são de partidos que davam suporte para os candidatos que não disputaram o segundo turno em Goiânia.
* Colaboraram Luciano Nascimento (Brasília), Vinícius Lisboa (Rio de Janeiro), Daniel Mello (São Paulo), Edwirges Nogueira (Fortaleza), Sumaia Villela (Recife)
Fonte - Agencia Brasil
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