segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

"O BRASIL JÁ VAI À GUERRA !"

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O BRASIL JÁ VAI À GUERRA

Nos idos de 1960, acho que em 1962,  o governo brasileiro comprou um velho Porta-Aviões à Inglaterra. Na época, pressionado pelos militares, principalmente pela Marinha, onde estava o centro da oposição  militar, o governo buscou uma válvula de escape com a
compra desse Porta-Aviões que era um questionamento antigo  da Marinha. O Porta-Aviões era usado, foi todo reformado, mas ainda com as reformas  continuava sendo obsoleto se comparado com as necessidades da época.
Mesmo assim a Marinha passou a exibir o Porta-Aviões aos países vizinhos, em manobras de adestramento.

Foi o bastante para que Juca Chaves, um cantor e compositor paulista, de modinhas românticas e de sátiras ácidas, compusesse uma música satirizando essa compra, intitulada "O Brasil Já Vai à Guerra" que na época fez muito sucesso e cujos primeiros versos eram assim:

O Brasil já vai à guerra,
comprou porta-aviões,
um viva pra Inglaterra,
de 82 milhões...."

Não se trata aqui daquele velho porta-aviões, satirizado por Juca
Chaves, mas da compra dos aviões Gripen NG. São na realidade 36 caças
Gripen NG, da empresa sueca Saab, negociados por US$ 4,5 bilhões.

Não digo que essa compra seja desnecessária, mas acho que existem
outros investimentos prioritários, antes da compra dos caças.

O Brasil não vive nenhuma situação real e concreta de ameaça por seus
vizinhos. Não tem sua soberania ameaçada e nem se coloca em situação
de inferioridade militar diante deles.
No caso da Aeronáutica que é o que nos interessa, eu procurei
pesquisar o poderia aéreo dos nossos vizinhos  principais: E só espero
que a leitura desse quadro não canse quem está lendo o que eu estou
escrevendo.

Argentina-
15 Mirage comprados à França e já obsoletos.
31 Al Dagger de fabricação israelense, também considerados obsoletos
14 caças A-4 comprados dos Estados Unidos e já quase obsoletos.
A Argentina está tentando comprar caças usados no mercado
internacional, mas ainda não fechou nenhum acordo de compra.

Chile-
O Chile modernizou a sua frota  com a compra de 10 caças F-16. Foi o
tributo pago aos militares por permitir  que seus principais
comandantes fossem para a prisão condenados por violação dos direitos
humanos durante a ditadura militar do general Augusto Pinochet. E é
importante assinalar que esse processo de punição aos militares
começou ainda quando Augusto Pinochet comandava as Forças Armadas, Ele
escapou. A maioria dos seus generais e boa parte da oficialidade foi
para a prisão.
A frota chilena se compõe de
10 caças F-16 Block 50, modelos avançados comprados no ano 2000 por
US$ 1 bilhão.
36 F-16 de segunda mão
12 caças F-5, usados mas reformados.

Venezuela-
Em 2006 Hugo Chávez  substituiu toda a sua frota de caças F-16,
americanos, por Sukhoi russos entre os mais modernos do mundo.
São 24 Sukhoi 30.
Gastou nessa compra US$ 5 bilhões.
É toda a sua frota de combate.

Colômbia
12 Kfirs israelenses comprados em 1989. Considerados em bom estado,
mas nada modernos.
24 Super Tucano da Embraer, utilizados na luta contra a guerrilha da FARC.
9 pequenos jatos de ataque Cessa A-37, também usados em missões anti-guerrilha.

Equador-
10 caças Kfirs, israelenses.
12 caças Atlas Cheetah, da Àfrica do Sul e considerados obsoletos
17 turboélices A-29 Super Tucano da Embraer

Peru
18 Mig-29 comprados em 1997 da Bielorussia.
12 Mirage 2000 comprados da França em 1986
O Peru está tentando  modernizar sua frota em parceria com a Russia,
mas o investimento de US$ milhões é considerado muito pequeno.

Brasil
57 caças F-5 comprados dos Estados Unidos nos anos 70, modernizados
mas apresentando problemas de desgaste.
16 caças Mirage, considerados de superioridade aérea, mas que serão
desativados até o fim deste ano de 2013. Foram comprados à França em
2008
43 caças AMX, construídos por Brasil e Itália entre os anos 80 e 90.
Foram modernizados, mas não são considerados de superioridade aérea.

Se é este o quadro do poderio aéreo comparativo entre o de nossos
vizinhos e o nosso, embora eu não seja nenhum especialista em aviação
de combate, mas apenas um curioso, não ressalta, em minha curiosidade,
nenhuma supremacia gritante entre as aviações deles e a do Brasil
.Nada que colocasse como prioridade absoluta essa compra. Até porque,
contra-parafraseando a sátira de Juca Chaves, o brasil ainda não vai
a´guerra.

É importante assinalar que esse valor de US$ 4,5 bilhões, ou seja R$
11 bilhões, pelos 36 caças Gripen NG é apenas o valor inicial de um
processo de modernização das Forças Armadas  do Brasil que custará em
20 anos nada menos que R$ 1 trilhão, valor estimado para o "Plano de
Articulação e Equipamentos de Defesa", PAED, que deverá se completar
em 20 anos.. È muito dinheiro. No meu entendimento, dinheiro demais.

Acho, sinceramente que temos aqui outras prioridades, numa linha de
urgência muito maior e mais importante.

Sabemos que 43% das familias brasileiras não tem saneamento básico.
Sabemos também que 57% dos domicílios brasileiros são ligados à rede
de esgoto, somando fossas sépticas. Sabemos também que apenas 30% dos
municipios brasileiros tem estação de tratamento de esgotos e
estima-se que mais da metade do esgoto produzido no país é jogado em
rios, ou no mar, poluindo o meio ambiente e os mananciais.
O que o governo faz  contra essa situação é muito pouco. Ora, se para
cada real investido em saneamento básico se economiza de 3 a 4 reais
em saúde pública, dá para sentir a importância deste problema.

O governo levanta agora como solução o Plano Nacional de Saneamento
Básico, que depois de ficar mais de  anos engavetado, foi finalmente
lançado no inicio deste mês de dezembro de 2013, com o intuito de
resolver o problema da falta de acesso à água e ao esgoto tratado no
país, objetivo a ser alcançado em 20 anos.
Mas esse plano está baseado em cenários econômicos irreais, pois
imagina que o Brasil chegará a 2030 com taxas de crescimento acima de
4% ao ano e taxas de inflação  de 3,5%. É irreal.  Basta ver que este
ano de 2013 o Brasil deve crescer apenas em torno de 2%, com taxa de
inflação beirando os 6,5%. É uma diferença muito grande.
Não se pode embasar esse Plano Nacional de Saneamento Básico, que se
propõe a resolver a situação do acesso à água e ao esgoto tratado das
familias brasileiras, em pontos de apoio tão incertos e irreais como
taxas de crescimento anuais de 4% e taxas de inflação de 3,5%.

Além disso, os recursos aportados para resolver o problema do
saneamento básico  nos lares brasileiros em 20 anos  é de R$ 508
bilhões. É suficiente comparar com o custo da modernização das Forças
Armadas para sentir onde está a prioridade para o governo brasileiro.
Em 20 anos, R$ 508 bilhões para saneamento básico.
Em 20 anos R$ 1 trilhão para modernização das Forças Armadas

Em relação à educação a situação não é nada favorável também. Lí há
pouco uma reportagem que diz que a justiça está recebendo mais de 200
ações por dia de familias que cobram do Poder Público, vagas em
creches., para crianças até 3 anos de idade, movimento esse que se
intensificou a partir de 2010. Para essas crianças de 0 a 3 anos de
idade, segundo relatório do Banco Mundial, faltam 1,8 milhão vagas  em
creches. Já na pré-escola, que abriga crianças entre 4 e 5 anos,
faltam mais de 1,5 milhão de vagas nas creches. Segundo dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e do Ministério da
Educação, somente 23% das crianças  de 0 a 3 anos de idade estavam
matriculadas em creches. Esse problema atinge muito mais as familias
mais pobres. O IBGE constatou que, em 2012, entre os 20% mais ricos,
37% das crianças  entre 3 e 4 anos estavam fora das creches oficiais.
Já entre os mais pobres esse percentual fora das creches sobe para
79%.

Num cenário como este, é dificil aceitar a compra dos caças Gripen NG
por U$ 4,5 bilhões, para começarem a ser entregues ainda, no final de
2018.

Segundo Eduardo Brick, um especialista do Núcleo de Estudos de Defesa,
Inovação, Capacitação e Competitividade Industrial da UFF, o problema
da defesa nacional em uma era pós-industrial depende de dois
instrumentos principais:

a- As Forças Armadas propriamente ditas.
b-A Base Logística de Defesa, BLD.

A construção de qualquer um desses instrumentos é uma tarefa de
décadas, segundo ele, mas a construção da Base Logística de Defesa é
muito mais dificil, por causa da aceleração do desenvolvimento
tecnológico que causa absolescencia rápida em qualquer produto de
defesa.

Portanto, segundo Eduardo Brics, não é sensato  e nem financeiramente
exequível comprar ou manter grandes estoques de produtos de defesa, a
não ser que exista risco iminente de guerra. O que não parece ser aqui
o nosso caso.
Em vez  de investir prioritariamente em equipamentos que logo estarão
obsoletos, é muito mais importante, mais sensato e até muito mais
econômico, investir na capacidade tecnológica e industrial, para ser
capaz de renovar constantemente, de acordo com as necessidades da
época e do momento.

No entanto, ainda segundo Eduardo Brick, com a atual estrutura de
governança da Base Logística de Defesa o Brasil corre sério risco de
sofrer um "apagão de gestão" se o orçamento aumentar e o Plano de
Articulação e Equipamentos de Defesa realmente deslanchar. Isto por
que são nada menos que 6 ministérios envolvidos neste processo em uma
estrutura que Eduardo Brick chama de caótica.

No caso dos recursos humanos então o problema é muito grave, pois a
necessidade remonta a vários milhares de profissionais, principalmente
engenheiros altamente qualificados e experientes em definição de
requisitos e especificações, em testes e avaliações de sistemas,
gestão de projetos complexo e negociação de contratos.
É aí que tem que investir prioritariamente pois é esse pessoal que vai
absorver a tecnologia.


Dizer que não existe pressão e descontentamento dos militares, seria
falsificar a situação real.

Um problema que preocupa e inquieta os militares é a Comissão da Verdade.
Instituida por Dilma Russef há 2 anos atrás, com prazo de
funcionamento até o final de 2013, essa Comissão da Verdade extrapolou
seus objetivos iniciais e caminha  no mesmo rumo das que se instalaram
em outros países, notadamente Chile e Argentina, onde os militares,
apesar da Lei de Anistia valendo para os dois lados, terminaram sendo
julgados e punidos por sua atuação contra as organizações de esquerda.

Através de uma MP, a presidente Dilma acaba de estender por mais 7
meses, prorrogáveis por mais 7, o funcionamento da Comissão da Verdade
e dando a ela mais poderes para as investigações das violações de
direitos humanos feitas pelo regime militar. Esse prazo se estende a
todas as Comissões da Verdade dos estados também.

Ao mesmo tempo as denúncias contra militares se acumulam. No último
dia 12 deste mês de dezembro de 2013, o General Álvaro Pinheiro, que
atuou contra a guerrilha do PC do B no Araguaia, em depoimento à
Comissão da Verdade, declarou que foram feitos muitos prisioneiros sim
e que em muitos lugares, guerrilheiros se entregaram nas bases onde
estavam os militares.

O problema é que o Exército jamais admitiu que houve prisioneiros,
pois todos os combatentes teriam morrido em combate.
Agora o General Álvaro Pinheiro diz que houve muitos prisioneiro sim.
O problema é que eles jamais apareceram.
Familiares dos então combatentes da guerrilha e as Comissões de Mortos
e Desaparecidos já estão se mobilizando para pedir que as Forças
Armadas esclareçam isso. No Chile e na Argentina começou assim e
terminou com os militares condenados e na prisão. Esse é um elemento
de inquietação, pois a grande maioria dos Generais, Almirantes e
Brigadeiros de hoje, participaram  quando ainda de patentes
inferiores, de alguma forma, da repressão, mesmo que não em niveis
diretos.

O outro elemento de insatisfação é o obsoletismo das Forças Armadas
brasileiras. Faz pouco tempo os militares divulgaram uma nota, que
ninguem assumiu, dizendo que em caso de um conflito militar, o Brasil
teria munição apenas para  1 hora de guerra.

É sabido que as verbas das Forças  Armadas estão todas contingenciadas
e que tanto a Marinha, como o Exército e a Aeronáutica, trabalham em
regime de economia, sacrificando a renovação dos equipamentos, sua
manutenção e o adestramento dos seus quadros, desde oficiais a
recrutas.

No caso específico da Aeronáutica com quem ficarão os novos caças
adquiridos, mais da metade de sua frota não pode levantar vôo por
falta de manutenção. Essa compra dos caças, embora seja uma exigência
da necessidade de modernização, contrasta portanto com uma realidade
que exterioriza uma situação crítica de absoluta falta de recursos.

Enquanto no ar os pilotos de caça, não conseguem em 1 ano cumprir, por
falta de combustível ou por falta de manutenção dos equipamentos, as
150 horas de vôo, obrigatórias para manter as condições técnicas e de
experiencia de combate, na terra a Aeronáutica conduz discretamente um
processo de desativação de bases aéreas, por regime de economia, pois
os recursos são atualmente muito limitados. E a expectativa na tropa,
com a encomenda de R$ 4,5 bi dos novos caças, é que  o cinto aperte
ainda mais daqui para a frente.

A pretexto de redimensionar sua frota, a Aeronáutica está esvaziando
os hangares de duas bases aéreas. O único esquadrão que operava na
Base de Forlaleza, estado do Ceará, os Bandeirantes de instrução, do
Primeiro e do Quinto Grupo de Aviação, foi transferido para Natal. A
capital do Rio Grande do Norte também foi destino do Esquadrão
composto por helicópteros Esquilo, cuja transferência deixou sem
aeronaves a Base de Santos. Essa política de economia deve atingir
também a Base de Florianópolis, sede do Esquadrão Phoenix, formado por
 aviões Bandeirantes Patrulha, além de atingir a histórica Base de
Campo dos Afonsos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 Berço da aviação militar e primeira escola de formação de pilotos,
Campo dos Afonsos abriga um Esquadrão de Hércules 130 que deverá ser
transferido para o Galeão e um esquadrão de helicópteros que iria para
Santa Cruz, ainda no Rio de Janeiro.

Ora, pelo que lí, uma base dotada de esquadrões, abriga entre 800 e
1000 militares, movimentando economicamente o entorno da unidade
militar. Sem as aeronaves e servindo apenas de base de apoio, a
necessidade de pessoal cai para 100 homens ou até menos e o comercio
do entorno se sacrifica ou acaba. Para uma força como a Aeronáutica,
que atualmente é obrigada a cortar o expediente matinal por não ter
recursos para oferecer alimentação aos soldados, essa economia é
considerável.

Para o Coronel Aviador da reserva Franco Ferreira, consultor do site
"Poder Aéreo", quatro anos de desativação dessas bases, daria para
pagar uma boa parte da compra dos Gripen NG, que somente começam a
ficar prontos em 2018.

Mas para a população civil e para o comércio do entrono das bases, as
medidas de economia da Aeronáutica são desastrosas. No caso de
Fortaleza, mais de R$ 200 milhões deixarão de circular na cidade e
movimentar e alimentar a economia local. Esse é o valor médio que será
perdido em razão da redução da folha de pagamento, com a saída do
esquadrão ´operacional. De imediato, somente no caso da base de
Fortaleza, perto de 200 civis deverão perder seus empregos, por causa
da redução do contingente, diminuição das atividades executadas e por
causa do corte de verbas para manutenção da infraestrutura.
Por isso, tanto a população como a classe política protestam contra
esse esvaziamento.

Mesmo as familias de militares terão transtornos. Quase 10 mil
familias, entre militares da ativa e da reserva, dependentes e
pensionistas se consultam no hospital da base. . Quando um esquadrão
inteiro é transferido para outra cidade, essas mesmas familias passam
a engrossar as filas dos serviços de saúde da rede publica local,
sobrecarregando esse atendimento. Tudo isto por causa da necessidade
de economizar recursos, o que contrasta com a compra dos caças.

Segundo o governo brasileiro, o acordo de compra é importante por que
prevê ampla transferência de tecnologia, mas reconhece que esse modelo
nunca foi testado em operações reais de combate e cujo protótipo só
voou 300 horas até hoje.
É portanto um avião de maquete, testado muito mais no computador que
em qualquer situação real.

Mesmo assim, por algum processo ou  razão que desconhecemos, ele
desbancou os Rafale da empresa francesa Dassault e os F-18 Super
Hornet, da Boing americana, ambos os modelos com larga experiencia em
combate.
E eu acredito que os militares aceitaram essa compra por que era
melhor isso do que nada.

Essa operação de compra dos jatos de combate já se arrastava por mais
de 15 anos, pois começou no governo Fernando Henrique. Desde  ai,
passando pelo governo Lula e agora Dilma, a escolha das aeronaves a
serem compradas teve idas e vindas, muito mais políticas do que
técnicas. E neste processo os militares continuaram pressionando o
governo, alegando a modernização da frota de outros paises,
principalmente Chile e Venezuela.

Quando Lula foi presidente, ele quase fechou o acordo de compra dos
Rafale com o então presidente francês Sarcozy. Pouco depois Lula e
Sarcozy se desentenderam e o acordo de compra recuou.
Dilma, quando assumiu o governo, encaminhou  o acordo de compra dos
jatos com a Boing americana. Mas o escândalo da espionagem do governo
americano, fez o governo brasileiro recuar também dessa compra.
Ficaram os russos, com os Sukhoy e os suecos com o Gripen. E venceram
os suecos, com um modelo de quarta geração, que jamais foi testado em
situações reais.

Essa decisão pelos Gripen NG surpreendeu a todos. Eu assisti pela TV,
em um programa da Cristiana Lobo, da Globo News, chamado "Fatos e
Versões" ela dizer que a presidente Dilma, com seu estilo autoritário
conduziu pessoalmente as negociações para a compra dos novos caças e
que o próprio Ministro da Defesa Celso Amorim, embora tendo
participado das articulações, somente ficou sabendo da decisão final
da presidente quando ela o chamou e o informou de sua decisão pela
compra dos Gripen NG e que o negócio estava fechado.
O acerto dos detalhes do negócio pode levar até 1 ano, quando então o
contrato será assinado, mas o primeiro avião somente ficará pronto no
final de 2018.

Para a imprensa americana e britânica, o Brasil foi descortês e
esnobou a Boing em meio à crise diplomática provocada pela espionagem
da Casa Branca. Já o ex-embaixador americano no Brasil, Thomas
Shannon, atual braço direito do Secretario de Estado dos Estados
Unidos John Kerry, afirmou que a Casa Branca está decepcionada com a
escolha feita pelo governo brasileiro e que entende que essa escolha
tem uma forte conexão com o problema da espionagem americana.

Na França a reação foi semelhante e talvez mais contundente.  O
Ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, em entrevista à Radio
Europe-1 declarou:
"Mesmo que eu possa decepcionar os brasileiros, tenho que dizer que o
Brasil não é o alvo prioritário dos Rafale e que esses caças
sofisticados tem prospecções mais importantes que o Brasil, como a
India e os paises do Golfo."
Por seu lado, Olivier Dassault, dirigente do Grupo Dassault,
fabricante dos Rafale, afirmou, em entrevista à TV LCI, que "o Rafale
é infinitamente superior ao Gripen NG, é mais sofisticado, mais
eficiente e superior tecnologicamente e que esta superioridade  está
amplamente comprovada por ações e não em computador. Por isso o Rafale
é mais caro, pois qualidade tem preço".

Dizem os entendidos, que o que na realidade definiu a compra dos
Gripen NG foi a abertura da empresa sueca no que tange à transferência
de tecnologia para o Brasil.
Ora, tecnologia não se transfere de uma hora para outra.
São necessários anos de estudo e trabalho conjunto, de formação de
profissionais especializados, para que este ciclo se complete.
Basta ver que a Marinha tem um projeto de compra de submarinos,
inclusive um submarino nuclear  com o governo francês há mais de 6
anos e até hoje técnicos da Marinha de Guerra do Brasil estão na
França trabalhando no Projeto e absorvendo tecnologia.

Com os Gripen NG não pode ser diferente.
Pelo que tenho lido, tanto o governo da China, como o dos Estados
Unidos em parceria com a India, como o governo da Russia também, estão
construindo novos modelos caças, já de quinta geração, o que quer
dizer, muito mais sofisticados tecnologicamente que os caças atuais de
quarta geração, o que inclui os Gripen NG que nem são considerados a
primeira linha dessa quarta geração.

Quando portanto, estes novos caças de quinta geração estiverem
prontos a transferência de tecnologia dos Gripen NG para o Brasil
talvez nem tenha ainda se completado e já será totalmente obsoleta,
jogando por terra o fator primordial que decidiu pela sua compra.

O futuro vai dizer se valeu a pena pagar U$ 4,5 bi por 36 caças que
ainda não existem, a não ser  na maquete e no computador.
Neste processo todo, a compra dos Gripen NG não pode ser considerada
um ponto fora da curva, por que na realidade, essa compra é a própria
curva.

Um bom ano novo e que 2014 seja um ano de vitórias é o que eu desejo
do fundo do coração.
Com carinho e admiração.

Carlos Montarroyos

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