A Agência de Energia Atômica do Irã (AEAI) anunciou neste sábado (7) que ativou dezenas de centrífugas avançadas a fim de aumentar suas reservas de urânio enriquecido, reduzindo ainda mais os compromissos firmados pelo país no acordo nuclear internacional de 2015.
"Começamos a abandonar as limitações à nossa pesquisa impostas pelo acordo. Isso inclui o desenvolvimento de centrífugas mais rápidas e avançadas", informou o porta-voz da agência nuclear iraniana, Behrouz Kamalvandi.
Segundo ele, Teerã tem o direito de reduzir seus compromissos porque outros signatários do pacto nuclear não estão cumprindo suas respectivas obrigações. "O Irã só reverterá seus passos se a outra parte cumprir os seus compromissos do acordo".
O pacto de 2015, assinado por Irã, Estados Unidos, Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia, além da União Europeia (UE), estabeleceu limites ao programa nuclear iraniano, em troca de alívios econômicos ao país. Com a saída dos EUA do acordo no ano passado, contudo, essas sanções foram reimpostas ao Irã, que também passou a reduzir seus compromissos.
Neste sábado, Kamalvandi fez um alerta a governos da Europa para que ajam rápido caso tenham interesse em salvar o acordo nuclear. "Os países europeus devem saber que não resta muito tempo. Se houver alguma ação a ser tomada, isso deve ser feito o mais rápido possível", afirmou o porta-voz. "Quanto mais progredimos, mais difícil será de reverter."
As autoridades do Irã exigem principalmente que a Europa facilite suas exportações de petróleo ou que conceda ao país islâmico uma linha de crédito para compensar as sanções reimpostas pelos Estados Unidos, sob o presidente Donald Trump.
Sob o pacto nuclear, Teerã havia se comprometido a reduzir em dois terços o número de centrífugas de enriquecimento de urânio, bem como a utilizar apenas as centrífugas de primeira geração (IR-1), que são menos avançadas.
Agora, segundo Kamalvandi, foram reativadas dezenas de novas centrífugas mais avançadas, sendo 20 do tipo IR-4 e outras 20 IR-6. O porta-voz da AEAI acrescentou que não se trata de "uma violação do acordo, mas uma retificação".
Ele ainda garantiu que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) continuará a supervisionar o programa iraniano e já foi informada das novas medidas do país.
Em resposta às sanções americanas, o Irã começou, em julho, a enriquecer urânio a 4,5%, acima dos 3,67% permitidos pelo acordo de 2015. Além disso, o país superou em 60 quilos o limite de armazenamento desse material, estipulado anteriormente em 300 quilos. Assim, o anúncio deste sábado entra na lista como o terceiro passo de Teerã contrário a seus compromissos com o pacto.
Kamalvandi garantiu que as centrífugas serão desenvolvidas para satisfazer as demandas do Irã, mas que por enquanto o país não enriquecerá urânio a 20%. Segundo ele, Teerã possui "a capacidade interna de enriquecer a 20% ou mais", mas atualmente não necessita dessa pureza.
O diretor-geral da agência internacional AIEA, Cornel Feruta, viaja ao Irã neste fim de semana, quando se reunirá com altos funcionários do governo iraniano. A visita coincide com as novas medidas adotadas pelo país de redução dos compromissos no âmbito nuclear.
*A Deutsche Welle é o canal de comunicação internacional da Alemanha.
Fonte: Agência Brasil
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