sexta-feira, 25 de outubro de 2019

A CRISE do PSL

Resultado de imagem para imagens de A CRISE do PSL


Minha amiga
Em primeiro lugar, obrigado pelos elogios ao trabalho que estamos desenvolvendo aqui pela revitalização do bairro Catete. Obrigado pelos elogios ao material que te mandei, principalmente  o fotográfico. Peço que mostre aí em Lisboa, às pessoas com as quais você convive na Universidade. A divulgação seria muito importante  para nosso trabalho.
O nosso Evento repercutiu bastante e na reunião que faremos dia 29, de avaliação do Evento,  teremos  pessoas de outros bairros, que nos contactaram, interessadas em fazer um trabalho semelhante.
Muito bom mesmo, se bem que, trabalhar pelo Catete talvez tenha  uma facilidade que não vai existir em muitos outros bairros. O Catete é uma relíquia. Um bairro histórico, cheio de prédios tombados pelo patrimônio histórico, embora muitos deles abandonados. Além disso, tivemos aqui o apoio total da direção do Palácio do Catete, para nossos eventos e reuniões.
Mas de qualquer forma,  vamos tentar ajudar com nossa experiencia os outros bairros que  querem fazer algo semelhante. E acredito que a tendencia é crescer.
Obrigado pelos elogios.

Agora, sobre tuas preocupações politicas
Você me pede uma opinião sobre a crise do PSL, por que aí em Portugal as noticias são contraditórias e não são confiáveis. E me pergunta se o presidente Bolsonaro tem razão nesta briga com Luciano Bivar, pois esta é uma das preocupações do grupo de estudantes e professores universitários aí de Lisboa com os quais você faz circular e discute os meus textos.
Vou te responder em tese, do ponto de vista teórico e tenho certeza que eles vão entender.
Vamos lá:
O fato mais importante deste final de semana foi a eclosão dessa crise do PSL que está preocupando vocês e que está apenas começando.
Não surgiu de repente. Os elementos foram se acumulando aos poucos e a quantidade de problemas mudou a qualidade da situação, precipitando a crise atual, expressada no enfrentamento Luciano Bivar X Jair Bolsonaro.
O que está acontecendo?
Em qualquer processo politico o Partido é fundamental. É possível se chegar ao poder com um Partido pequeno. É possível se chegar ao poder até mesmo sem Partido. 
Mas sem Partido não se pode governar.
E não precisamos ir muito longe para buscar exemplos. A nossa própria história tem  dois exemplos muito significativos: Jânio Quadros e Fernando Collor. Nenhum dos dois se elegeu com um Partido forte. Se elegeram em meio a uma insatisfação popular muito grande, se apoiando muito mais na população que em Partidos.  Uma vez eleitos, nenhum dos dois se deu ao trabalho de construir seu partido, construindo  com ele a governabilidade. 
Sem ter um partido forte e alinhado com eles, não conseguiram governar. Viveram às turras com o Congresso, não tinham maioria para aprovar seus projetos, os quais não tramitavam e todos sabemos como terminaram. Diante de um governo sem resultados, a mesma população que os elegeu, se voltou contra eles.
Jânio Quadros terminou renunciando à presidência. Fernando Collor sofreu um processo de impeachment e perdeu o governo.
Por  que isso?
Uma vez eleito, o governante, principalmente quando não tem maioria no Parlamento, tem que ter um instrumento confiável para dialogar com as outras forças politicas. Esse instrumento é o Partido. 
É através dele que se estabelece o diálogo com o Congresso, para encaminhar a aprovação de suas  propostas e Projetos, fazendo com que o governo siga o seu curso e cumpra as promessas de campanha.
O governante  precisa então, ter o Partido alinhado com ele, em todas as suas instâncias, desde o militante aos parlamentares, mas, principalmente, a direção do Partido.
Quando a direção do Partido articula interesses diferentes ou até divergentes do governante, se estabelece uma dualidade de poder. Essa dualidade, instabiliza  e enfraquece a governabilidade. Com ela, os projetos não conseguem aprovação e interesses contrários aos interesses do governo, se concretizam e se fortalecem, crescendo no espaço  da desarticulação politica.
Essa é a base da crise do PSL.
Em uma tal situação, para não perder a capacidade de governar, o presidente está buscando controlar o partido, mas vai fazendo isso à sua maneira e com os meios que ele acha corretos, se impondo, gerando por consequência, mais conflitos  que unidade politica.
O problema é que, neste processo, não está em jogo apenas a governabilidade, mas a intenção do presidente de se reeleger em 2022. 
Sendo assim, em minha opinião, por insegurança politica e organizacional, ele  lançou a campanha cedo demais, para não dar espaço aos possíveis concorrentes. Mas, ao se colocar  desde já em campanha, perde a capacidade de fazer alianças, isola seu governo e aumenta o número de opositores-competidores, muitos dos quais poderiam ser aliados. 
E quando tudo isso acontece  sem que ele tenha  o controle do Partido, o imponderável pode ganhar força, aumentar os problemas e fazer surpresas.  


Carlos Montarroyos

Nenhum comentário:

Postar um comentário