terça-feira, 19 de maio de 2020

O que foi realmente importante nesta semana que passou?





O que foi realmente importante nesta semana que passou?

1 -  A semana começou com o presidente da república sendo pressionado por três fatos importantes: 

O depoimento de Mauricio Valeixo; a divulgação do teste de coronavírus do presidente; e finalmente o vídeo da reunião ministerial do dia 22-04-2020

1-1 -O depoimento de Mauricio Valeixo –  Mais uma vez, assim como aconteceu com Sergio Moro, era esperado um depoimento onde pontuassem irregularidades  por parte do presidente da república. Não foi o que aconteceu. Segundo consta do depoimento, Valeixo afirma que o presidente nunca pediu relatórios de inteligencia ou informações de inquérito.  A deputada Janaína Pascoal, hoje uma opositora do presidente Jair Bolsonaro, afirma ter lido o depoimento na integra e diz que, "diferentemente do que  vem sendo publicado, o depoimento é completamente favorável ao presidente da república". A imprensa perdeu o interesse. Esperavam mais de Valeixo para tentar incriminar o presidente.

1.2 - O teste de coronavirus

Na quarta-feira dia 13-05 o Ministro Ricardo Lewandowisk determinou a publicação dos exames de coronavirus  do presidente Jair Bolsonaro, para atender uma ação do jornal O Estado de São Paulo. Os resultados foram negativos para os 3 exames, realizados no laboratório Sabin de Brasilia.  Como o presidente relutou muito em mostrar os exames, alegando, não sem razão, que a sua privacidade estaria sendo invadida, seus adversários esperavam que esses exames mostrassem um presidente infectado pelo coronavirus e que ao circular, estivesse contagiando as pessoas, de forma irresponsável. Seria o bastante para mais um processo  de impeachment. Os resultados negativos frustraram essa possibilidade.

 1.3 - O Vídeo da  reunião ministerial de 22-04-2020

Como o Ministro Celso de Melo, do STF, somente assistirá ao vídeo na próxima segunda-feira e somente a partir daí, decidirá sobre o que fazer, vamos esperar seu encaminhamento.

2 - Demissão de Nelson Teich

Complicado isso. Pediu demissão com menos de um mês no cargo. Saiu como entrou. Sem dizer nada. Muito apagado, acho que nem foi notado, a não ser na cerimônia de posse e na demissão. Não ocupou o espaço que deveria ocupar no comando do Ministério.  O que se pode dizer? O mesmo que ele: nada.

 3- Freixo não é mais candidato a prefeito

Em entrevista à imprensa o deputado federal Marcelo Freixo, do PSOL, mesmo cotado nas pesquisas para ir ao segundo turno, acaba de desistir da candidatura a prefeito do Rio de Janeiro nesta eleição de 2010. O motivo alegado por ele, foi a impossibilidade de unir a esquerda em torno de seu nome. Ele esperava apoio do PDT, PC do B e PSB, em uma chapa onde teria Benedita da Silva, do PT, como vice.  Mas não conseguiu essa unidade. Cada um desses partidos tentará o caminho da candidatura própria. Além disso, Freixo teve problemas em seu próprio partido, que não aceitava uma aliança com o PT.  Preferiu desistir. Com sua desistência, se abre um vácuo na esquerda, que nenhum dos outros partidos do mesmo espectro politico, terá condição de ocupar, com possibilidade de êxito, na luta pela prefeitura do Rio.

4- A prisão do empresário Mario Peixoto – Um dos principais fornecedores do governo do estado e envolvido nos esquemas de superfaturamento, o empresário Mario Peixoto, foi preso esta semana pela Policia Federal. Ele é acusado de montar um intrincado esquema de corrupção na saúde do Rio, assim como em outros  órgãos, como o DETRAN, a FAETEC e outros, desde 2012. Esse esquema, segundo as investigações, envolveria o próprio governador Wilson Witzel do PSC, pois atravessou todos os governos desde aquela data e continua ativo ainda agora, com as diversas empresas do grupo de Mario Peixoto se beneficiando do superfaturamento dos contratos emergenciais na área da Saúde, para o combate ao Coronavirus.  O prejuízo aos cofres públicos devem  beirar, pelos cálculos iniciais, um total de aproximadamente R$ 700 milhões.  Para o governador Wilson Witzel, talvez seja o fim de sua carreira politica que mal se iniciou, pois além dos possíveis problemas com a Justiça, terá também problemas políticos muito sérios, comprometendo e certamente encurtando suas aspirações futuras nesta área. Suas pretensões de ser candidato a presidente da republica terminam por aqui, com esse escândalo. Sua intenção de liderar um Bloco Nacional de Governadores contra o presidente da república, também se evapora.  Alem disso, os candidatos do PSC nos municípios do Rio de Janeiro, ou todos aqueles que tiverem o apoio  deste partido ou do governador Wilson Witzel, terão muitas dificuldades para explicar essa situação aos seus eleitores e se eleger em 2020. Quase encerrando este texto, me chega a noticia da exoneração do Secretario de Saúde Edmar Santos, e da possível exoneração de outros secretários, os quais também estariam envolvidos em articulações ilícitas, como Lucas Tristão, Secretario de Desenvolvimento, Leonardo Rodrigues, de Ciência e Tecnologia e Pedro Fernandes da Educação.  Acho que estas possíveis exonerações, talvez sejam uma tentativa de se antecipar à possibilidade de prisão desses  secretários, diminuindo o impacto dessas medidas sobre o governo e ao mesmo tempo uma tentativa de se distanciar deles. Mas não será uma empreitada fácil, pois um tal gráu de  corrupção, em diversas esferas do governo, dificilmente  se concretizaria sem uma participação superior, seja do governo, seja do PSC, o partido que controla o governo.

5 - Muito preocupante a situação da economia por conta do isolamento social. Sem a circulação das pessoas, com a atividade econômica paralisada, a situação que deverá emergir do pós-Covid, será talvez mais difícil que a atual pois, sem renda e sem emprego, a maior parte das famílias terá muitas dificuldades para sobreviver. Os dados são preocupantes. A cada semana de isolamento social, o país deixa de produzir cerca de R$ 20 bi  em riquezas, o que significa R$ 80 bi mensalmente. Por conta do coronavirus, pela primeira vez em 10 anos, a produção industrial nacional, sofre uma redução de 11% no primeiro trimestre do ano de 2020.  Dados da Confederação Nacional da Industria mostram que, como consequência da situação criada pelo coronavirus,   76% das industrias nacionais relataram que reduziram ou paralisaram a sua atividade produtiva, sendo: 70% por  queda no faturamento; 59% por dificuldades para cumprir seus pagamentos correntes; 49% por inadimplência dos clientes; 47% por que os clientes cancelaram as compras;  36% por dificuldades de acesso ao crédito. Quanto maior o período de isolamento, maior  o número de falências, de desempregados, de famílias desassistidas, além da ampliação do endividamento e das inadimplências. Essa situação vai se  agravar com o prolongamento do isolamento social, dificultar a retomada do crescimento econômico e o auxilio às famílias empobrecidas. Para a população ficará o dilema: como sobreviver em um cenário de terra arrazada?

6 - Vi esta semana uma discussão sobre nossa dependência do mercado externo, para a compra de  insumos, produtos e equipamentos, essenciais ao setor de saúde.  A China e a Índia concentram perto de 90% desse mercado. Ficamos dependentes destes dois países, para a compra dos equipamentos necessários ao combate a essa pandemia. E nossa população terminou pagando a conta, principalmente com suas vidas.     Acho importante então, quando terminar essa situação crítica, fazer uma revisão da estrutura produtiva da industria brasileira nesta área. Importar esses itens relacionados à saúde, de forma preferencial, desses dois países, sem  incentivar a sua produção pela industria nacional, foi uma decisão dos governos passados. Decisão politica da qual agora estamos amargando seus resultados. Desde 2009, uma situação emergencial já mostrava o equivoco dessa decisão, quando da epidemia da gripe H1N1.  Ficamos dependentes destes dois mercados principalmente. E pagamos um preço alto  em vidas. Mas o exemplo não foi suficiente para aqueles governos revisarem aquela decisão  politica.   Agora, com a crise do coronavirus, acho que séria importante considerar os produtos relacionados à saúde, como estratégicos à segurança  nacional e estudar a criação de incentivos para que nossa indústria, química, farmacêutica e similar, comece a estudar e organizar a sua produção aqui mesmo, internamente. Além de criar as bases para nossa futura independência nesta produção, séria também uma oportunidade de negócios, num país onde a vulnerabilidade do ramo, está expressa no aumento do déficit setorial da saúde. Há duas décadas esse deficit era de US$ 3 bi. Saltou para US$ 20 bi no inicio de 2019.  Esse é o fruto dos governos Lula-Dilma.

Carlos Montarroyos

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