O que foi realmente importante
nesta semana que passou?
1 -
A semana começou com o presidente da república sendo pressionado por
três fatos importantes:
O depoimento de Mauricio Valeixo; a
divulgação do teste de coronavírus do presidente; e finalmente o vídeo da
reunião ministerial do dia 22-04-2020
1-1 -O depoimento de Mauricio
Valeixo – Mais uma vez, assim como
aconteceu com Sergio Moro, era esperado um depoimento onde pontuassem
irregularidades por parte do presidente
da república. Não foi o que aconteceu. Segundo consta do depoimento, Valeixo
afirma que o presidente nunca pediu relatórios de inteligencia ou informações
de inquérito. A deputada Janaína
Pascoal, hoje uma opositora do presidente Jair Bolsonaro, afirma ter lido o
depoimento na integra e diz que, "diferentemente do que vem sendo publicado, o depoimento é
completamente favorável ao presidente da república". A imprensa perdeu o
interesse. Esperavam mais de Valeixo para tentar incriminar o presidente.
1.2 - O teste de coronavirus
Na quarta-feira dia 13-05 o
Ministro Ricardo Lewandowisk determinou a publicação dos exames de
coronavirus do presidente Jair
Bolsonaro, para atender uma ação do jornal O Estado de São Paulo. Os resultados
foram negativos para os 3 exames, realizados no laboratório Sabin de
Brasilia. Como o presidente relutou
muito em mostrar os exames, alegando, não sem razão, que a sua privacidade
estaria sendo invadida, seus adversários esperavam que esses exames mostrassem
um presidente infectado pelo coronavirus e que ao circular, estivesse
contagiando as pessoas, de forma irresponsável. Seria o bastante para mais um
processo de impeachment. Os resultados
negativos frustraram essa possibilidade.
1.3 - O Vídeo da reunião ministerial de 22-04-2020
Como o Ministro Celso de Melo, do
STF, somente assistirá ao vídeo na próxima segunda-feira e somente a partir
daí, decidirá sobre o que fazer, vamos esperar seu encaminhamento.
2 - Demissão de Nelson Teich
Complicado isso. Pediu demissão com
menos de um mês no cargo. Saiu como entrou. Sem dizer nada. Muito apagado, acho
que nem foi notado, a não ser na cerimônia de posse e na demissão. Não ocupou o
espaço que deveria ocupar no comando do Ministério. O que se pode dizer? O mesmo que ele: nada.
3- Freixo não é mais candidato a prefeito
Em entrevista à imprensa o deputado
federal Marcelo Freixo, do PSOL, mesmo cotado nas pesquisas para ir ao segundo
turno, acaba de desistir da candidatura a prefeito do Rio de Janeiro nesta
eleição de 2010. O motivo alegado por ele, foi a impossibilidade de unir a
esquerda em torno de seu nome. Ele esperava apoio do PDT, PC do B e PSB, em uma
chapa onde teria Benedita da Silva, do PT, como vice. Mas não conseguiu essa unidade. Cada um
desses partidos tentará o caminho da candidatura própria. Além disso, Freixo
teve problemas em seu próprio partido, que não aceitava uma aliança com o
PT. Preferiu desistir. Com sua
desistência, se abre um vácuo na esquerda, que nenhum dos outros partidos do
mesmo espectro politico, terá condição de ocupar, com possibilidade de êxito,
na luta pela prefeitura do Rio.
4- A prisão do empresário Mario
Peixoto – Um dos principais fornecedores do
governo do estado e envolvido nos esquemas de superfaturamento, o empresário
Mario Peixoto, foi preso esta semana pela Policia Federal. Ele é acusado de
montar um intrincado esquema de corrupção na saúde do Rio, assim como em
outros órgãos, como o DETRAN, a FAETEC e
outros, desde 2012. Esse esquema, segundo as investigações, envolveria o
próprio governador Wilson Witzel do PSC, pois atravessou todos os governos
desde aquela data e continua ativo ainda agora, com
as diversas empresas do grupo de Mario Peixoto se beneficiando do
superfaturamento dos contratos emergenciais na área da Saúde, para o combate ao
Coronavirus. O prejuízo aos cofres públicos devem beirar, pelos cálculos
iniciais, um total de aproximadamente R$ 700 milhões. Para o governador Wilson Witzel, talvez seja
o fim de sua carreira politica que mal se iniciou, pois além dos possíveis problemas com a Justiça, terá também problemas políticos muito sérios,
comprometendo e certamente encurtando suas aspirações futuras nesta área. Suas pretensões de ser candidato a presidente da republica terminam por aqui, com
esse escândalo. Sua intenção de liderar um Bloco Nacional de Governadores
contra o presidente da república, também se evapora. Alem disso, os candidatos do PSC nos
municípios do Rio de Janeiro, ou todos aqueles que tiverem o apoio deste partido ou do governador Wilson Witzel,
terão muitas dificuldades para explicar essa situação aos seus eleitores e se
eleger em 2020. Quase encerrando este texto, me chega a noticia da exoneração
do Secretario de Saúde Edmar Santos, e da possível exoneração de outros
secretários, os quais também estariam envolvidos em articulações ilícitas, como
Lucas Tristão, Secretario de Desenvolvimento, Leonardo Rodrigues, de Ciência e
Tecnologia e Pedro Fernandes da Educação.
Acho que estas possíveis exonerações, talvez sejam uma tentativa de se
antecipar à possibilidade de prisão desses secretários, diminuindo o impacto dessas medidas sobre o governo e ao
mesmo tempo uma tentativa de se distanciar deles. Mas não será uma empreitada
fácil, pois um tal gráu de corrupção, em
diversas esferas do governo, dificilmente
se concretizaria sem uma participação superior, seja do governo, seja do
PSC, o partido que controla o governo.
5 - Muito preocupante a situação da
economia por conta do isolamento social. Sem a circulação das pessoas, com a
atividade econômica paralisada, a situação que deverá emergir do pós-Covid,
será talvez mais difícil que a atual pois, sem renda e sem emprego, a maior
parte das famílias terá muitas dificuldades para sobreviver. Os dados são
preocupantes. A cada semana de isolamento social, o país deixa de produzir
cerca de R$ 20 bi em riquezas, o que significa R$ 80 bi
mensalmente. Por conta do coronavirus, pela primeira vez em 10 anos, a produção
industrial nacional, sofre uma redução de 11% no primeiro trimestre do ano de
2020. Dados da Confederação Nacional da
Industria mostram que, como consequência da situação criada pelo
coronavirus, 76% das industrias
nacionais relataram que reduziram ou paralisaram a sua atividade produtiva,
sendo: 70% por queda no faturamento; 59%
por dificuldades para cumprir seus pagamentos correntes; 49% por inadimplência
dos clientes; 47% por que os clientes cancelaram as compras; 36% por dificuldades de acesso ao crédito.
Quanto maior o período de isolamento, maior
o número de falências, de desempregados, de famílias desassistidas, além
da ampliação do endividamento e das inadimplências. Essa situação vai se agravar com o prolongamento do isolamento
social, dificultar a retomada do crescimento econômico e o auxilio às famílias empobrecidas. Para a população ficará o dilema: como sobreviver em um cenário
de terra arrazada?
6 - Vi esta semana uma discussão
sobre nossa dependência do mercado externo, para a compra de insumos, produtos e equipamentos, essenciais
ao setor de saúde. A China e a Índia
concentram perto de 90% desse mercado. Ficamos dependentes destes dois países,
para a compra dos equipamentos necessários ao combate a essa pandemia. E nossa
população terminou pagando a conta, principalmente com suas vidas. Acho importante então, quando terminar
essa situação crítica, fazer uma revisão da estrutura produtiva da industria brasileira
nesta área. Importar esses itens relacionados à saúde, de forma preferencial,
desses dois países, sem incentivar a sua
produção pela industria nacional, foi uma decisão dos governos passados.
Decisão politica da qual agora estamos amargando seus resultados. Desde 2009,
uma situação emergencial já mostrava o equivoco dessa decisão, quando da
epidemia da gripe H1N1. Ficamos
dependentes destes dois mercados principalmente. E pagamos um preço alto em vidas. Mas o exemplo não foi suficiente
para aqueles governos revisarem aquela decisão
politica. Agora, com a crise do coronavirus,
acho que séria importante considerar os produtos relacionados à saúde, como
estratégicos à segurança nacional e
estudar a criação de incentivos para que nossa indústria, química, farmacêutica
e similar, comece a estudar e organizar a sua produção aqui mesmo,
internamente. Além de criar as bases para nossa futura independência nesta
produção, séria também uma oportunidade de negócios, num país onde a vulnerabilidade
do ramo, está expressa no aumento do déficit setorial da saúde. Há duas décadas
esse deficit era de US$ 3 bi. Saltou para US$ 20 bi no inicio de 2019. Esse é o fruto dos governos Lula-Dilma.
Carlos Montarroyos
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